APÓCRIFOS & RELIGIÃO    Free Counter
Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. ( I te. 5: 19,20,21 - BIBLIA)
VENDILHÕES ENTRE NÓS


1 - Vendilhões.

"Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados; e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará" (João 2:13-17; Sal. 69:9).

Irmãos, "tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito" (Rom. 15:4), portanto, este episódio durante o ministério de Jesus, foi escrito para ensinar. A Escritura diz que "o Senhor fez tudo para um fim" (Prov. 16:4). Portanto, Deus conservou a memória deste episódio no curso dos séculos.

Durante a vida terrena de Jesus haviam transformado a casa de Deus numa casa de negócio e pelo zelo pela casa de Deus, Jesus a purificou, porque não suportou a visão daquele comércio na casa destinada ao culto do Senhor.

Uma coisa em torno deste episódio deveria-nos fazer refletir, ou seja: aqueles comerciantes não se puseram a praticar o seu comércio nas proximidades do templo que estava em Jerusalém ou num lugar apropriado ao negócio; não, mas precisamente dentro do templo, e assim fazendo profanaram aquele santo lugar que era santificado por Aquele que o habitava.

Ora, ao templo deviam ir os sacerdotes levitas para lá fazer os serviços sagrados prescritos da lei. Mas também iam Judeus, os quais, segundo a lei, deviam oferecer a Deus sacrifícios, e entre os animais que deviam ser sacrificados estavam bois, ovelhas e pombas e Jesus encontrou no templo precisamente os que os vendiam.

É suficiente ir a um mercado de animais para dar conta de quanta confusão e sujidade e de quanto fedor há nele; pensai pois na confusão e na imundícia que havia no templo! Os bois, as ovelhas e as pombas que eram vendidos no templo eram necessários aos Judeus, os quais os compravam para oferecê-los depois a Deus; Jesus sabia tudo isto, mas que fez? Permaneceu indiferente diante daquela compra e venda que se praticava na casa?

Porventura fingiu de não ver e de não ouvir nada? Não, mas fez um azorrague de cordas e lançou fora do templo os bois e as ovelhas, derribou com as suas mãos as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, "e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio" (Mar. 11:16).

Além disso, Jesus naquele templo pronunciou palavras duras e disse: "Não está escrito : A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões" (Mar. 11:17; Is. 56:7; Jer. 7:10); eis como chamou Jesus aos que se tinham posto a fazer comércio no templo, 'ladrões'.

Os vendedores teriam podido dizer: 'Mas nós não somos ladrões, mas honestos comerciantes, que viemos aqui para o templo vender aos nossos irmãos, a um preço justo, as coisas de que necessitam!', e ainda: 'Mas nós também servimos o Senhor desta maneira; porque pois nos chamar ladrões?'. Jesus os chamou ladrões, e disse que a casa de Deus tinha sido transformada num covil de ladrões.

Portanto, a casa que tinha sido transformada numa casa de negócio era ao mesmo tempo um covil de ladrões; eu sei, Jesus usou palavras duras, mas Ele sabia bem o que dizia; Jesus nos seus ensinamentos disse que "o ladrão não vem senão para roubar, matar, e destruir" (João 10:10), e isto o confirmou dizendo que na terra "os ladrões minam e roubam" (Mat. 6:19).

Nós portanto sabemos que o ladrão tem um fim malvado e não um fim bom; Jesus ensinou, quando na parábola do bom samaritano disse que "descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de ladrões [ou salteadores], os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto" [Lucas 10:30]); mas também sabemos que ele não se apresenta só com o rosto coberto por um passa-montanhas e com uma arma na mão, mas por vezes também de rosto descoberto, com uma face luzente, vestido elegantemente e com produtos para vender. Quem é ladrão e cogita toda a sorte de maquinações e faz uso de qualquer pretexto para roubar o seu próximo.

Hoje, homens sem escrúpulos se apresentam sorridentes, cordiais, vestidos elegantemente, fazem de Deus uma profissão, mas na realidade são ladrões, no seu coração maquinam extorquir-te dinheiro. E como? Oferecendo-te os seus produtos custosos e belos de se ver com os olhos; e não poderia ser doutra forma, porque eles devem suscitar em ti o desejo de comprá-los.

Muitos locais de culto tornaram-se mercados, muitas reuniões de evangelização foram transformadas em verdadeiros mercados, onde quem busca o seu próprio interesse se apresenta com a sua banca personalizada? De graça apenas podes ver o que vendem, porque eles não te oferecem nada, e se alguma coisa é oferecida em homenagem é oferecida na condição que tu compres alguma coisa deles, ou porque querem engodar-te e fazer-te tornar seu cliente.

Muitos especuladores plantaram as suas tendas no meio do arraial de Deus, e isto também o vê a gente do mundo. Para os quais, os crentes deveriam ser um exemplo; mas infelizmente, em vez de ser um exemplo para os do mundo não são mais que uma sua 'fotocópia'.

A diferença entre as bancas de culto evangélicos e as bancas que os católicos instalam nos lugares onde eles se reúnem e nos lugares a onde vão fazer as suas peregrinações (como Lourdes, Fátima, Assis), está no fato de aquilo que os evangélicos vendem não esta contaminado pela tradição católica romana; mas de resto, o comércio é o mesmo e as técnicas usadas na venda são as mesmas, a publicidade está muito difundida, os 'experts de Marketing', 'compras três, pagas dois'; vêem respeitadas escrupulosamente as regras que um verdadeiro comércio impõe. Comércio, sim, esta é a palavra que descreve perfeitamente o que acontece.

Mas vamos agora descrever este comércio que tomou pé no meio dos fiéis. Considerando a maior parte dos livros postos à venda apercebemo-nos que as suas capas são fascinantes, são capas que não têm nada a invejar às capas dos livros da gente do mundo, há livros que têm fotografias estampadas na capa que são muito sugestivas, tanto que mal se avistam se vão a gravar na mente de quem as olha. Aliás vós sabeis bem que no comércio em todos os produtos, quem os fabrica, põe uma foto ou um particular desenho para com isto fazer nascer o desejo de comprá-lo em quem o vê.

Para quem comercializa um produto é de suprema importância dar-lhe uma 'fachada' que seja o mais apresentável, sedutora e única possível porque sabe que o sucesso comercial do produto dependerá também do símbolo, da foto ou do desenho que lá se porá em cima. Os publicitários continuamente estudam como atrair as pessoas a um produto para vender muitíssimo.

Para vender, o livro deve ter um título sugestivo, e eis então que os autores inventam particulares títulos para fazer nascer em quem o lê o desejo de comprá-lo. Há livros cristãos que têm títulos verdadeiramente únicos e verdadeiramente sedutores; também por isto se percebe que por detrás deles se esconde a astúcia.

E que dizer da publicidade que é feita dos livros? Também ela está muito difundida entre nós e não pode ser doutra forma, porque todo o produto comercial necessita de ser publicitado para ser vendido e feito conhecer ao público. No fim de cada livro lá está a publicidade a outros livros feita com ou sem fotografias.

A maneira em que são apresentados os livros cristãos assemelha-se muito à maneira em que são publicitados os livros mundanos. Vale a pena comprar estes livros de títulos e capas sugestivas? Devo dizer-vos que em muitos casos não, porque não são de edificação à alma com sede de justiça. Mas o fato é que muitos livros cristãos que são vendidos não se firmam sequer na sã doutrina em muitos pontos.

Muitos livros sobre o matrimônio por exemplo falam a favor de impedir a concepção; falam também a favor do matrimônio com pessoas divorciadas; neles estão escritas coisas íntimas que dizem respeito ao casal mas que certos autores têm prazer em falar porque sabem que muitos desejam ouvir falar destas coisas outros ainda encorajam os jovens namorados a dar-se à impureza!

Há também os livros que encorajam os homens à ambição e as mulheres a adornarem-se com jóias e a vestirem-se luxuosamente; em suma aqueles livros escritos por aqueles doutores que não suportam a sã doutrina, que vão atrás dos seus desejos e desviaram os ouvidos da verdade.

Ao deparar-nos com os livros sobre a vinda do Senhor, sobre o fim do mundo e o anticristo então nos apercebemos que cada um tem as suas peculiares opiniões sobre este ou aquele evento (tempos e modos em que acontecerá) e que cada um dá as suas particulares interpretações aos versículos que falam destes assuntos; o tempo seria pouco se me pusesse a dizer quantos especulam sobre estes assuntos e como eles se enriqueceram com as suas especulações.

Mas aliás aos comerciantes destes livros pouco importa o conteúdo dos livros que vendem ou que fazem imprimir porque a eles o que importa é vender. Para nova prova disto basta considerar que em muitas livrarias agora estão postas à venda também Bíblias as quais além de não ser traduções fiéis, contêm nas margens as arbitrárias e perversas interpretações que a organização deu a muitas passagens das Escrituras para sustentar as suas heresias de perdição.

O comércio não se limita aos livros, numa livraria cristã pode-se encontrar de tudo nestes dias; pode-se encontrar musicais que parece um daqueles concertos onde os jovens vão drogados e bêbados ouvir os seus cantores preferidos.

Parece inacreditável aos próprios olhos quando se vêem as capas destes discos, porque são 'mundanas'; pode-se encontrar também "souvenir" com versículos escritos sobre elas; canetas, alfinetes luzentes e porta-chaves com o escrito: Jesus te ama, Deus é fiel; fila de vídeos com as reuniões registradas de pregadores que adoram ser filmados enquanto pregam ou melhor enquanto lisonjeiam e entretêm com as suas piadas o seu auditório e enquanto oram sobre os doentes; em suma pode encontrar e levar para casa de tudo, basta que peças o que te interessa e o pagues o preço. Mas dizei-me: Se isto não é comércio o que é?

Ah! que vergonha! O povo de Deus que deveria dar luz a este mundo se encontra a imitar os caminhos da gente do mundo. Não somos contra o escrever livros de ensinamentos, ou livros de testemunhos, antes somos a favor disso; mas somos contra o vergonhoso comércio e a inaudita especulação que há nesse meio. Jesus disse: "De graça recebestes, de graça dai" (Mat. 10:8); isto significa andar na luz; é fazendo assim que se é de exemplo a este mundo de trevas que não te dá nada se tu não lhe dás dinheiro.

Mas se também nós nos pomos a fazer comércio da Palavra de Deus, das revelações que Ele nos dá, dos milagres que ele faz no nosso meio, do testemunho da nossa conversão, não nos poremos a fazer certamente o que é justo diante de Deus. Eu sei, este discurso dá fastio àqueles comerciantes que acharam uma fonte inesgotável de lucro em vender aos crentes Bíblias, livros de doutrina e de testemunhos, mas é hora que se faça. É chegada a hora de ser reprovado este vergonhoso comércio que há no nosso meio.

Nós estamos prontos a reprovar o comércio das relíquias, das estátuas representantes de Maria, Pedro, Paulo; o fato dos "sacerdotes" quererem ser pagos para celebrar as suas missas e cultos em favor dos mortos; estamos também prontos a lembrar e a reprovar o fato de alguns séculos atrás o perdão dos pecados ser oferecido aos homens em troca de dinheiro, e fazemos bem; esta prontidão a devemos conservar porque é uma coisa justa reprovar todas estas coisas.

Mas que dizer do comércio que há no nosso meio? Não é também ele reprovável? Certo, não se vendem ainda absolvições dos pecados e nem ainda relíquias, mas é também ainda um comércio. "Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?" (Gal. 4:16) Irmãos, é hora de acordardes do sono; é hora de não fingirdes mais que nada se passa diante de tudo isso; até agora tendes estado a ver; caí em vós mesmos e começai também vós a reprovar este desgostoso comércio.

O objetivo destes abutres é só o de vender para ganhar; estão dispostos a colaborar com todos, e a fazer novos clientes prontos a comprar as suas mercadorias. São sócios dos ladrões e dos adúlteros; a eles não importa nada se aquele com quem colaboram tem um mau testemunho dos de fora porque é roubador, adúltero, amante do dinheiro, porque entre eles se concertaram de modo a se dividir 'o despojo'.

Falam muito de colaboração entre igrejas e pastores; mas se vais a ver de perto em que se baseia esta aparente colaboração e comunhão que há entre eles que estão juntos, te darás logo conta que ela gira à volta dos seus interesses financeiros que são enormes e irrenunciáveis para eles, porque são cobiçosos de torpe ganância.

Não fazem nada por nada, não te dão nada por nada; fazem tudo por dinheiro! Estou falando de gente que serve a Mamom e que diz conhecer Deus. Mas o nosso Deus é amor e nos deu e nos continua a dar tudo de graça, sem nos vender nada por dinheiro. O nosso Deus disse: "Vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Is. 55:1).

Mas então a qual deus servem estes comerciantes? Qual deus estes conhecem? O seu deus é o seu ventre; sim, porque é aquele que eles servem. Deus, na sua bondade nos deu e nos dá tudo sem nos fazer pagar! Ele nos deu a vida eterna de graça, a sua Palavra de graça, a sabedoria e o conhecimento de graça, os dons de ministério e os dons do Espírito Santo de graça e todos os outros bens também de graça.

Mas dizei-me: 'Porventura alguma vez pagastes a Deus por aquilo que vos dá? Alguma vez vos fez conhecer alguma tarifa, inerente a algum dos seus bons produtos? Deus nunca nos deu um catálogo de venda com imprimido ao lado de cada um dos seus produtos o relativo preço de venda; porém isto é precisamente aquilo que acontece hoje no nosso meio.

De vez em quando vemos chegar às nossas mãos e às nossas casas, catálogos muito longos onde vem lá escritos os livros à venda e os seus preços. 'Tudo normal', alguém dirá. Mas o que vos pondes a fazer agora? A chamar 'normal' o que é anormal? Mas não é porventura hora de investigardes as Escrituras para ver se as coisas são mesmo assim? Ao ensinamento e ao testemunho! Voltemo-nos para as sagradas Escrituras para ver como agiram os que escreveram livros na antiguidade como os profetas e os apóstolos.

Comecemos a falar de Moisés que escreveu a lei; está escrito: "E Moisés escreveu esta lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca da aliança do Senhor, e a todos os anciãos de Israel. E ordenou-lhes Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão, na festa dos tabernáculos, quando todo o Israel vier a comparecer perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos..." (Deut. 31:9-11).

Ora, Moisés escreveu o livro da lei; certamente, ele gastou muito tempo a escrevê-lo, também ele teve que empregar material, mas que fez com este precioso livro? O pôs à venda porventura, sempre porém para a edificação e instrução do povo de Israel? De modo nenhum, ele o deu de graça aos sacerdotes Levitas e aos anciãos para que eles o lessem diante do povo, no tempo determinado.

Pensai nisto por um momento; Moisés no fim de contas poderia ter posto à venda o livro da lei; ele era o suposto autor, poderia reivindicar o direito de venda, ou melhor os direitos de autor.

Porém, Moisés, antes de tudo "era homem mui manso" (Num. 12:3), e não um homem arrogante; depois era também um servo fiel do Senhor em toda a casa de Deus (conforme o que disse Deus dele: "é fiel em toda a minha casa" [Num. 12:7]) que procurava andar honestamente; mas depois é necessário dizer que ele não tinha o direito de vender o que Deus lhe tinha dado de graça, isto é, o conhecimento de como foram criadas todas as coisas no princípio e a ordem em que foram criadas, o conhecimento das histórias de Noé, de Abraão, de Isaque, de Jacó e de José.

Do êxodo dos filhos de Israel, dos tremendos juízos de Deus sobre os Egípcios, e das poderosas obras que Deus operou no deserto por Israel; Moisés foi uma testemunha ocular delas; poderia ter escrito um 'livro de testemunhos', encarregar os escribas de fazer muitas cópias dele e depois pô-las à venda.

E quem não as compraria? Mas quero que mediteis também sobre isto: "E deu [o Senhor] a Moisés, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus" (Ex. 31:18); como podeis ver foi Deus a escrever os dez mandamentos sobre aquelas tábuas de pedra, e isto é confirmado pela Escritura que diz pouco depois: "E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas" (Ex. 32:16).

Ora, Deus tirou da pedra duas tábuas de pedra e sobre elas escreveu os dez mandamentos com o seu dedo, e depois as deu a Moisés de graça; Deus fez um trabalho para o seu povo, mas o fez de graça; não quis dinheiro em troca, porque não pediu dinheiro nem a Moisés e nem ainda ao seu povo.

Portanto, como poderia Moisés depois, quando escreveu com a sua mão o livro da lei para o povo de Deus, pô-lo à venda? Ele sabia que uma eventual venda do livro da lei seria abominável a Deus, por isso não ousou fazer uma tal coisa. Paulo disse: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados" (Ef. 5:1); não pensais que seja bom imitar Deus também nisto? Ou pensais que Deus nos deixou um exemplo que nós não podemos seguir nesta geração de grande consumismo? Vejamos agora outros profetas, para ver como escreveram e agiram.

De Samuel está escrito: "E declarou Samuel ao povo a lei do reino, e a escreveu num livro, e pô-lo perante o Senhor" (1 Sam. 10:25); também o profeta Samuel escreveu um livro e também ele não o pôs à venda. Ele agiu sempre honestamente para com o povo, tanto que um dia os Judeus lhe disseram publicamente: "Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguém" (1 Sam. 12:4). Se Samuel tivesse procurado enriquecer com o livro que tinha escrito ou tivesse procurado fazer pagar as chamadas 'despesas de produção', vos asseguro que o povo não daria aquele testemunho dele.

Vejamos agora o profeta Isaías; Deus lhe disse: "Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente" (Is. 30:8). Porventura Isaías pôs à venda o livro que tem o nome dele e do qual ele foi o autor? De modo nenhum! E como poderia pô-lo à venda e depois dizer ao povo: Assim diz o Senhor: "Vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Is. 55:1)?

Também o profeta Jeremias escreveu um livro por ordem de Deus. Está escrito: "Sucedeu pois no ano quarto de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, que da parte do Senhor veio esta palavra a Jeremias, dizendo: Toma o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei falado contra Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias até o dia de hoje. Ouvirão talvez os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes; para que cada qual se converta do seu mau caminho, a fim de que eu perdoe a sua iniqüidade e o seu pecado.

Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque, no rolo dum livro, enquanto Jeremias lhas ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado. E Jeremias deu ordem a Baruque, dizendo: Eu estou impedido; não posso entrar na casa do Senhor. Entra pois tu e, pelo rolo que escreveste enquanto eu ditava, lê as palavras do Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum..." (Jer. 36:1-6). Neste caso, seja o ditado do livro feito por Jeremias seja a feitura do livro e a sua leitura pública feita por Baruque foi feito de graça.

Também os apóstolos escreveram; vejamos como agiram o apóstolo João e o apóstolo Paulo com os seus escritos.

O apóstolo João pôs por escrito diversas coisas que Jesus fez e ensinou; ele também escreveu três epístolas, e o livro da revelação. Quero brevemente debruçar-me sobre a feitura do livro da revelação. João estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus, e num dia foi arrebatado em espírito, e ouviu por detrás dele uma grande voz, como de uma trombeta, que lhe disse: "O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia" (Ap. 1:11).

Ele escreveu num livro tudo o que o Senhor lhe fez ver e o enviou às sete igrejas da Ásia. João deu de graça às igrejas o que o Senhor lhe tinha dado de graça; também ele não ousou pôr à venda nenhum dos seus escritos porque não cuidou que a piedade seja ganho.

O apóstolo Paulo é o apóstolo a quem Deus deu a graça de escrever a maior parte das epístolas que temos. Paulo, pôs alguma vez à venda as suas epístolas? Também ele teve 'despesas de produção' a sustentar; ele despendeu tempo e usou papel (o pergaminho) e tinta para escrevê-las.

Mas que fez ele? Porventura no fim de cada uma delas, pôs por escrito a soma de dinheiro que ele requeria para cobrir as despesas de produção que tinha tido? No entanto Paulo poderia ter posto à venda as suas epístolas, e seguramente compradores logo acharia no seio das igrejas, mas ele considerava que valia mais ter um bom nome do que muitas riquezas e ser estimado melhor do que a prata e o ouro.

As epístolas de Paulo pelo menos teriam valido a pena comprá-las mesmo a um preço muito alto, porque eram palavra de Deus! Paulo poderia se tornar um homem muito rico no seio das igrejas se tivesse posto è venda os seus escritos, ou tivesse posto de pé 'uma casa editora' com os seus cooperadores para pôr à venda as suas epístolas.

Poderia pagar a tradutores e a escribas os quais tratariam de escrever as suas epístolas nas línguas estrangeiras e de fazer muitas cópias delas e depois enviá-las aos crentes que haviam nas nações estrangeiras.

Depois poderia justificar a venda dos seus escritos dizendo: 'Eu tenho o direito de viver do Evangelho, por isso ponho à venda as minhas epístolas, para ter dinheiro para comer e beber e para pagar as freqüentes viagens que faço juntamente com os meus cooperadores por causa do Evangelho, e depois há muitas despesas a fazer face para traduzir as minhas epístolas e escrevê-las!'; mas ele não agiu assim e não falou assim.

Alguém dirá: 'Mas Paulo escreveu apenas uma cópia para todas as epístolas!'; sim isso é verdade, mas é também verdade que mesmo se tivesse tido que escrever milhares de exemplares para cada epístola não as teria igualmente posto à venda, porque Paulo tinha recebido do Senhor a graça de ser fiel, e Jesus disse que "quem é fiel no pouco, também é fiel no muito" (Lucas 16:10).

Jesus disse também que "quem é injusto no pouco, também é injusto no muito" (Lucas 16:10); por isso os que põem à venda pequenas quantidades de Bíblias e outros livros cristãos procuram ganhar também nas grandes quantidades. Lembrai-vos que quem é cobiçoso de torpe ganância procura ganhar tanto com pequenas quantidades de 'mercadoria' como com grandes.

Nós não somos contra a feitura de livros de doutrina ou de testemunhos e nem ainda contra a sua tradução e a sua divulgação, mas somos contra o pedir dinheiro por eles e a sua colocação à venda para ganhar com eles, porque a Escritura nos ensina que não é justo fazê-lo. Se Paulo renunciou a agir e a falar como fazem muitos pregadores hoje, o fez porque ele procurava ter uma consciência pura tanto diante de Deus como diante dos homens.

Esta é a razão pela qual muitos se põem a regatear com as coisas santas de Deus, porque a eles de ter uma boa consciência não importa mesmo nada; mas nem sequer de ter um bom testemunho; eles querem ter apenas um bela aparência, mas a sua hipocrisia será manifesta a todos um dia.

Hoje, são muitas e variadas as justificações que são dadas a esta vergonhosa venda de pregações e de ensinamentos, e do testemunho pessoal, mas elas não podem ser confirmadas pelas Escrituras. A verdade é que na base deste lucrativo negócio que há no meio do povo de Deus, está o amor pelo dinheiro, a falta de fé em Deus e a falta de temor de Deus, tudo coisas que são habilmente cobertas com palavras fingidas.

A este ponto alguém dirá: 'Mas então o que deve fazer alguém que quer escrever um livro de testemunhos ou de ensinamentos?' Deve escrevê-lo às suas custas, publicá-lo às suas custas, e dá-lo de graça aos que o querem ler (mantendo o direito de aceitar as ofertas voluntárias que os irmãos terão no coração de fazer-lhe). Alguém dirá: 'Mas olha que as despesas são muitas!'

Então? Que pensais? Que Deus não as conheça ou não seja mais capaz de prover o dinheiro necessário, os apetrechos necessários ou os cooperadores necessários? Quando a obra é de Deus, Deus faz chegar todo o dinheiro que é necessário, os apetrechos necessários e os cooperadores necessários; é suficiente orar e pedir a ele todas as coisas.

Porventura agora me dirás: 'Mas para fazer assim é preciso fé!' Com certeza, que é preciso fé; porém lembra-te que ela "vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Rom. 10:17). A fé não vem ouvindo falar os servos de Mamom, ou os vendilhões ou os comerciantes que querem ter dinheiro não confiando em Deus mas seguindo os seus caminhos tortuosos, mas pelo ouvir a Palavra de Deus.

Hoje alguns falam de ter fé em Deus, e depois mandam a conta corrente postal para lembrar de pagar a subscrição; falam de ter fé em Deus e depois se escrevem alguma coisa a põem logo à venda, sem pensar minimamente em dar de graça os seus escritos (eles dizem: 'Mas quem me o obriga a fazer?'); exatamente como faz a gente do mundo, nem mais, nem menos, antes, algumas vezes pior. É raro encontrar os que decidiram renunciar às coisas ocultas e vergonhosas para se conduzirem como se conduziram os profetas e os apóstolos antes de nós.

Mas porventura estou falando de fazer alguma coisa que ninguém pode fazer nestes tempos tão maus? Não creio; porventura seria melhor dizer que estou dizendo alguma coisa que quase ninguém está disposto a fazer, porque tem medo que Deus não consiga suprir as despesas às quais se têm que fazer face, e porque quase ninguém hoje está disposto a renunciar ao ganho ilícito que se pode tirar também das coisas de Deus que os santos desejam ler e ouvir.

Alguém mais, ouvindo dizer estas coisas, dirá: 'Mas se são postas à venda as Escrituras ou porções delas, por meio delas as pessoas do mundo são salvas na mesma e os crentes edificados na mesma!' Certamente, que a Palavra de Deus não muda, mesmo se é vendida; é verdade que o Evangelho de Deus permanece "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rom. 1:16) mesmo se é posto à venda; é verdade também que nós crentes somos edificados também quando lemos as Escrituras sagradas que são postas à venda, e não podia ser doutra forma, porém isso não justifica a maneira em que é divulgada a Palavra de Deus.

Também se o próprio Jesus tivesse posto à venda as suas pregações, a eficácia da Palavra dele transmitida não mudaria, porém neste caso teria cometido um pecado, e daria motivo de escândalo, e isso constituiria um obstáculo ao Evangelho.

Também se Paulo tivesse posto à venda as suas epístolas por uma qualquer razão, mesmo se para ganhar para viver, a eficácia das suas palavras não teria mudado e nós continuaríamos a ser edificados ao lê-las; mas ele não ousou pô-las à venda para não dar motivo de escândalo e para não criar algum obstáculo ao Evangelho de Deus.

Paulo disse: "Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus" (1 Cor. 10:32), e ainda: "Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outra coisa em que teu irmão tropece" (Rom. 14:21), mas estas coisas não somente as disse mas também as aplicou a si mesmo para não escandalizar o seu próximo.

Considerai o que vos digo agora: Se Paulo, que era um apóstolo de Cristo chamado para ser apóstolo por vontade de Deus, renunciou a benesses em Corinto (para não criar algum obstáculo ao Evangelho de Cristo, e para não dar alguma ocasião aos que buscam ocasião), e em Tessalônica (porque quis mostrar pessoalmente aos crentes a maneira como deviam andar), é impensável que ele pusesse à venda as suas epístolas porque isso forneceria uma ocasião de maldicência aos seus adversários, faria escândalo, e estaria em plena contradição com as suas próprias palavras.

É verdade que Paulo fez muitas renúncias para não criar algum obstáculo ao Evangelho de Deus, mas é também verdade que ele em virtude de todas as suas renúncias podia afirmar abertamente aos Coríntios: "Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco" (2 Cor. 1:12).

Quantos são hoje aqueles que pregam o Evangelho que podem dizer as mesmas palavras de Paulo? Deus o sabe quantos são e quem são; certo é que os que põem à venda a verdade do Evangelho não podem de modo algum afirmar de viverem no mundo e em relação aos crentes com santidade e sinceridade de Deus porque infringem o mandamento escrito que diz: "Compra a verdade, e não a vendas" (Prov. 23:23).

Irmãos, ninguém vos engane de alguma maneira, porque o fim não justifica os meios ilícitos, mesmo se o fim é bom. Recordai-vos que quando nós comparecermos diante do tribunal de Cristo teremos também que responder pelas maneiras que usamos na divulgação do Evangelho. Não é o Evangelho de Deus que será julgado naquele dia, mas os que o pregaram, em outras palavras, serão julgadas todas as nossas obras.

Nós não temos o direito de pregar o Evangelho de qualquer maneira, porque se assim fosse teríamos também o direito quando evangelizamos os que não conhecem Deus de lhes pedir dinheiro pelo trabalho que empregamos e pelo tempo que gastamos para evangelizá-los.

Se tu vais evangelizar e depois de ter falado a um pecador lhe ofereces postais com versículos da Escritura escritos neles (para ganhá-lo ainda para Cristo naturalmente) e lhe dizes: 'Amigo, deves-me dar esta soma de dinheiro ou uma oferta se queres recebê-los, porque eu tive despesas a fazê-los, e não tendo um trabalho secular tenho que ganhar para viver desta maneira!', tu não te conduzirás com santidade e com sinceridade de Deus em relação àquela pessoa, mas lhe serás causa de tropeço.

Mas supondo de ele aceitar os teus postais e aceitar dar-te o dinheiro que lhe pedes, e depois vires a saber que ele creu em Cristo e foi salvo dos seus pecados; que pensarás neste caso? De ter agido honestamente em relação àquela pessoa porque ela foi salva pelo Senhor? Asseguro-te que um tal raciocínio é vão e perverso porque se opõe à justiça e à santidade de Deus.

Irmãos, é hora de cairdes em vós mesmos e de reconhecerdes que não podemos justificar um certo modo de fazer ou de falar só porque a maioria o aceita e o tolera. Se eu tivesse querido continuar a falar e a agir como fazem os do mundo, não me teria convertido ao Senhor para segui-lo. E se tu pensas que podes santificar-te e agradar a Deus seguindo o exemplo da maior parte daqueles que nesta geração dizem de ter crido estás te iludindo a ti mesmo. Lê a vida dos santos profetas, a dos apóstolos, mas sobretudo a do nosso Senhor Jesus.

Imita Cristo, segue a ele, não te poderás corromper se decides imitar Cristo, mas se ao invés pões na cabeça de imitar ou certos evangelistas famosos que fazem escândalos freqüentemente porque cuidam que a piedade seja fonte de ganho, ou certos pastores que em vez de dar o bom exemplo dão o mau porque também eles fazem as coisas por dinheiro te asseguro que te corromperás em breve tempo, e depois também tu começarás a dizer:

'Mas todos o fazem!' e: 'Não é possível que eles que estão há tantos anos na fé e que são tão famosos estejam agindo mal'. Investiga as Escrituras, ora a Deus, pede-lhe sabedoria e Ele te fará entender o temor de Deus e a retidão.


2 - A lei sobre os direitos de autor defende os interesses econômicos dos vendilhões sem escrúpulos que estão entre nós

Quero dizer-vos algo mais, que quem anuncia o Evangelho não tem (diante de Deus) o direito exclusivo de publicar os sãos ensinamentos escritos na Palavra de Deus e nem ainda o de estabelecer tarifas e pedir compensações pelas suas pregações e pelos seus ensinamentos escritos porque este modo de agir não se adequar aos santos.

Por esta razão nós não estamos de acordo em escrever nas Bíblias e nos livros cristãos: 'Todos os direitos reservados', ou frases como esta: 'É proibida a reprodução total ou parcial desta obra (incluindo fotocópias) sem o consentimento escrito do Editor ou do autor'.

Ora, nesta nação há uma lei que tutela o direito de autor, e na generalidade dos restantes países a lei dos direitos de autor é semelhante. Vejamos o que afirmam alguns artigos destas leis: 'O autor tem o direito exclusivo de publicar a obra. Tem também o direito exclusivo de a utilizar economicamente em toda a forma e modo, original ou derivado, e em particular com o exercício dos direitos exclusivos indicados à seguir.

É considerada como primeira publicação a primeira forma de exercício do direito de utilização'; O direito exclusivo de reproduzir por objetivo a multiplicação em cópias da obra com qualquer meio, como a cópia à mão, imprensa, litografia, gravação, fotografia, fonografia, a cinematografia e todo outro procedimento de reprodução; o direito exclusivo de comercializar tem por objeto pôr em circulação, com objetivando lucro, a obra ou os exemplares dela e compreende também o direito exclusivo de introduzir no território as reproduções feitas no exterior, para pô-las em circulação; É livre a reprodução de obras singulares ou trechos de obras para uso pessoal dos leitores, feita à mão ou com meios de reprodução não idôneos para vender ou difusão da obra em público.

Como podeis bem ver estas lei defende os interesses econômicos de quem escreve e põe à venda os seus livros, porque proíbe aos que compram um livro de reproduzi-lo e de divulgá-lo publicamente (mesmo gratuitamente) sem o prévio consentimento do autor ou do editor.

Mas enquanto são as pessoas do mundo a fazer recurso a esta lei para tutelar os seus escritos que tratam de coisas deste mundo e de coisas profanas isso é compreensível e passa despercebido porque eles escrevem e põem em circulação os seus escritos com o objetivo de lucro (este é o seu trabalho); porém se um servo do Senhor escreve coisas que concernem ao Reino de Deus, e depois põe em circulação os seus escritos com o objetivo de lucro e faz recurso a esta lei para salvaguardar os seus interesses econômicos então isso não pode passar despercebido e não pode ser tolerado porque uma tal conduta não se adequar aos servos do Senhor. 

O ponto capital deste discurso é que se um de nós escreve um livro de testemunhos ou de ensinamento não tem nem o direito exclusivo de publicá-lo (porque todos os crentes têm o direito de difundir por voz e por escrito uma obra feita por Deus ou uma revelação concedida por Deus, e todos os crentes têm o direito de reproduzir e de difundir publicamente um ensinamento escrito, sem o prévio consentimento do crente que experimentou a obra de Deus ou que recebeu a revelação ou que dirigiu o ensinamento e o pôs por escrito) e nem ainda de pô-lo à venda (este direito não o tem nem o autor e nem tampouco quem decide reproduzir e difundir o escrito) portanto, nisto, não nos podemos pôr a agir como fazem os escritores dos livros mundanos que se apóiam nesta lei para não ver os seus interesses econômicos ameaçados.

Certo é que se um de nós ao invés se põe a escrever coisas relativas ao reino de Deus para ganhar com isso, então sim se preocupará de fazer tutelar o seu 'direito de autor', fazendo recurso à lei no caso de a sua obra vir a ser sem o seu consentimento divulgada publicamente por terceiros com ou sem objetivo de lucro. Mas isto acontece quando o autor da obra procura o seu próprio interesse.

Ao invés, quem escreve um livro sem o objetivo de lucro mas para a glória de Deus e para a edificação da igreja não só não se arroga o direito exclusivo de reproduzi-lo e difundi-lo, mas também não o põe à venda, e encoraja os leitores a reproduzi-lo e a divulgá-lo se sentem no coração de fazê-lo e também não se preocupa se terceiros o reproduzem e o divulgam sem o seu prévio consentimento, antes fica contente se outros o reproduzem e o divulgam.

Alguém dirá: 'E se ele não o põe à venda, mas quem o reproduz e o divulga sem o seu consentimento o põe à venda como se comportará?' Certamente não o denunciará, e não fará recurso à lei para punir o autor da colocação à venda dos seus escritos, porque sabe que o Senhor disse: "Minha é a vingança" (Heb. 10:30).

Mas a este ponto quero dizer-vos uma outra coisa: vós sabeis que as sagradas Escrituras no curso dos séculos foram torcidas. Temos uma confirmação que isto já era feito enquanto os apóstolos estavam vivos, Pedro na sua segunda epístola diz: "em todas as suas epístolas (as de Paulo) entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Ped. 3:16); portanto como o autor das epístolas era Paulo, assim ele deveria perseguir penalmente ou de alguma outra maneira aqueles homens abomináveis que tinham torcido os seus escritos.

Porventura o fez? De modo nenhum! Doutra forma não teria podido dizer: "Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e o suportamos; somos difamados, e exortamos" (1 Cor. 4:12).

Vós sabeis que segundo a lei desta nação o autor de um livro tem o direito de perseguir penalmente quem se apropria do seu escrito e o comercializa sem a sua permissão; portanto, segundo esta lei, se alguém se apropria do escrito (com todos os direitos reservados) de um escritor cristão e o reproduz e o comercializa sem a sua permissão, isto pode ser denunciado pelo autor para que seja ressarcido pelos supostos danos.

Mas se um escritor crente agisse assim então agiria segundo a lei de Moisés que diz: "Olho por olho, e dente por dente" (Mat. 5:38; Ex. 21:24), e não segundo a palavra de Cristo que diz: "Não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra" (Mat. 5:39)!

Os abomináveis torceram as epístolas dos apóstolos também depois que eles morreram, mas nós sabemos que eles não ficarão impunes; eles adulteraram a Palavra de Deus e Deus do alto derramará sobre eles a sua indignação porque está escrito: "Do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. .." (Rom. 1:18).

Mas há uma outra coisa por dizer que é esta, se os apóstolos fossem vivos não se alegrariam de modo nenhum em ver os seus escritos postos è venda entre a irmandade a par de qualquer produto comercial com os direitos de publicá-lo e de pô-lo à venda reservados ao Editor! 

Vós sabeis que "Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas" (Mat. 17:11), como disse Jesus, e que ele virá antes que venha o dia do Senhor; me pergunto como reagirá ao constatar que a sua história juntamente com todas as outras Escrituras estão postas à venda e que para traduzir, reproduzir e divulgar publicamente a sua história como a dos outros profetas é necessário pedir permissão a uma casa editora!

Mas então se falamos de direitos reservados, nós Gentios a quem deveremos pedir o consentimento para traduzir, publicar e divulgar os escritos sagrados do antigo testamento? Porventura ao povo de Israel, isto é, aos Judeus, porque a eles foram confiados os oráculos de Deus e a eles pertence a lei, os pactos e as promessas?

E depois no que respeita aos escritos de Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Pedro, Tiago, e Judas houve porventura alguma vez necessidade para os primeiros tradutores ou para os que os reproduziram e divulgaram publicamente enquanto eles estavam ainda vivos de pedir o prévio consentimento oral ou escrito dos autores deles?

Mas nós sabemos que a Palavra de Deus que eles transcreveram procedeu de Deus, a sabedoria com a qual escreveram também procedeu de Deus, o conhecimento das coisas de Deus também procedeu de Deus e não dos homens, portanto se alguma vez tivéssemos que pedir consentimentos os deveríamos pedir a Deus que é o autor e o doador de todas as coisas. 
Mas não há necessidade de pedir este consentimento a Deus, porque Deus já há muito tempo ordenou de divulgar a sua Palavra de fato disse em Jeremias: "Aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra" (Jer. 23:28).

Mas então porque é que esta escrita: Todos os direitos reservados, aparece também em quase todos os livros que falam das coisas de Deus? Porque é que é proibida a reprodução parcial ou total do escrito e a sua divulgação sem o prévio consentimento do autor?

A razão principal é que como estes escritores e as casas editoras que publicam os seus livros fazem o que fazem com o objetivo de lucro, assim para defender os seus próprios interesses econômicos fizeram recurso a esta lei; aliás é sabido que uma eventual reprodução e divulgação gratuita do próprio escrito entre os crentes traria um dano econômico ao autor ou à casa editora, porque as vendas diminuiriam; portanto na raiz deste mal que serpenteia entre os santos está o amor pelo dinheiro.

Eu me pergunto algumas vezes: O que aconteceria se algum crente reproduzisse e divulgasse gratuitamente uma versão das sagradas Escrituras com todos os direitos reservados sem pedir ou pagar o consentimento à casa editora que diz de ter todos os direitos reservados?

Seria denunciado às autoridades e feito passar como malfeitor? E depois quem são aqueles crentes que querem que se peça a eles a permissão para traduzir, reproduzir e difundir um escrito que fala de um ensinamento ou de uma revelação ou de curas e milagres feitos por Deus, quando os apóstolos nunca disseram e nunca fizeram saber que se alguém queria reproduzir ou divulgar os seus escritos devia pedir a permissão a eles?

A pergunta se pode formular também desta maneira: Tinham os apóstolos que eram os autores das suas epístolas o direito de dizer que todos os que queriam traduzir ou reproduzir e divulgar as suas epístolas deviam primeiro pedir a eles o seu consentimento porque eles tinham o direito exclusivo de traduzi-las, de reproduzi-las e de difundi-las?

Não o disseram, portanto não o tinham. Lendo as suas epístolas se compreende que elas circulavam livremente entre as igrejas de então e que elas por ordem dos próprios apóstolos eram lidas publicamente, portanto à sua reprodução e divulgação os apóstolos não puseram nenhum obstáculo; irmãos é agora que nós estamos habituados a ler estas escritas nas Bíblias "mas não foi assim desde o princípio".

Ora, nós não sabemos se no tempo dos apóstolos havia uma lei que tutelasse o direito de autor como hoje, mas supúnhamos que havia, pensais vós que os apóstolos poriam também eles nas suas epístolas a escrita 'Todos os direitos reservados'? e que eles pretenderiam que os irmãos que tinham no coração de traduzi-las e de publicá-las pedissem a sua permissão para traduzi-las e para divulgá-las gratuitamente?

Quando um crente se desvia da simplicidade e da pureza que há em Cristo e se conforma ao presente século começa a agir em tudo e para tudo como a gente do mundo e cessa de reprovar um certo modo de agir tortuoso porque também se sente sustentado por certas leis do Estado que legitimam o que nós crentes não temos o direito de fazer; mas estai certos que não será sustentado pelo testemunho da sua consciência porque ela o acusará dia e noite, e ele não poderá calá-la enquanto seguir a dureza do seu coração.

Faço um exemplo para explicar-vos isso: Em certas nações há leis que conferem a uma mulher o direito de abortar, mas se uma mulher crente decide de abortar porque não quer um outro filho se faz culpada de um grave pecado diante de Deus e a sua consciência a acusará mesmo se aquilo que fez é legitimado por uma lei desta nação. Isto é o que acontece também quando um tradutor ou um escritor cristão afirma, ajudado pela lei, de ter todos os direitos reservados sobre os Escritos sagrados ou sobre livros cristãos e que é necessário o seu consentimento (ou seja, é necessário comprá-lo) para traduzi-los, reproduzi-los e divulgá-los; a sua consciência o acusa.

Mas onde está a simplicidade e a pureza de consciência que caracterizavam a vida do nosso Senhor Jesus e a dos santos apóstolos?

O que fazem então os crentes diante destas escritas, ou melhor diante desta lei dos direitos de autor? A verdade é que alguns a 'infringem' porque consideram que para reproduzir e difundir algo que fala das coisas de Deus não haja necessidade de pedir a permissão a ninguém; enquanto outros para não desobedecer às autoridades (esta é a conclusão a que chegam) guardam-se de fazer reproduções e de dá-las de graça a outros sem o prévio consentimento de quem o requer.

E tudo isto porque é que acontece? Porque é que os crentes se vêm a encontrar nestas situações embaraçantes? Porque é que crentes devem pagar os direitos de autor a outros crentes? Porque muitos tendo-se posto a fazer comércio com as coisas de Deus se conformaram ao mundo para tutelar os seus interesses e obrigam os outros a adequar-se às leis.

Se pelo contrário entre o povo de Deus não houvesse nenhum interesse pessoal e nenhum comércio em torno das Escrituras e dos livros de ensinamento e de testemunhos então não seriam afixadas estas escritas legitimadas pela lei, e todas as coisas (as traduções, as reproduções e a divulgação) aconteceriam sem obstáculos e sem perigos, na simplicidade.

Mas onde está a diferença entre nós e os do mundo? Entre a tradução, a reprodução e a divulgação dos Escritos sagrados e dos vários livros cristãos que são efetuadas no nosso meio e a tradução, a reprodução e a divulgação dos livros profanos que fazem os do mundo que diferença há?

Podem os de fora ver nos crentes um exemplo? Podem os do mundo dizer que necessitam de aprender com os cristãos porque eles não ajudam por dinheiro mas desinteressadamente porque são movidos pelo amor de Cristo que está neles? É necessário dizer que tirando alguns poucos casos, não, porque a luz que havia tornou-se trevas e portanto desapareceu, e por isso os de fora não vêem nenhuma diferença entre o seu modo de agir e o (de muitos) que há no nosso meio.

Mas que exemplo podem dar ao mundo crentes que se converteram ao mundo? Eu creio que se todos os crentes que se puseram a comercializar as coisas de Deus renunciassem a se apoiarem na lei sobre os direitos de autor (para aquilo que diz respeito às coisas relativas ao reino de Deus) e tornassem à lei de Cristo observando-a, tornaria a despontar entre nós a simplicidade e a honestidade que havia ao início na igreja primitiva.

Rejeitemos os interesses pessoais dos vendilhões, rejeitemos o negócio que há na casa de Deus; purifiquemos a casa de Deus deitando fora o comércio fácil que nela há; santifiquemos o Senhor da glória que habita no meio de nós andando de modo digno do Evangelho.

3 - Um grande negócio econômico

Não é de admirar-se em torno da tradução e da publicação e divulgação das sagradas Escrituras se desenvolveu este colossal comércio; podemos dizer que era inevitável que muitos ao constatar que a procura de Bíblias está sempre a aumentar, porque são sempre em maior número as pessoas que dela querem possuir pelo menos uma cópia, se pusessem a fazer comércio também da Palavra de Deus. Eles exploram precisamente a fome e a sede que os homens têm da Palavra de Deus para enriquecerem.

No mundo acontece a mesma coisa, porque muitos exploram a sede de ler o que há de mais novo que está radicada nas pessoas para enriquecerem. 'No mundo da informação' é muitas vezes dito que o cidadão tem o direito à informação, isto é, a ser informado, e naturalmente muitos percebem que podem fazer muito dinheiro explorando esta sede de informação e esta curiosidade e se põem a escrever e a publicar toda a sorte de artigos nas revistas sensacionalistas e de informação etc.., e a comercializar novas revistas (estão sempre em aumento as revistas de informação) enriquecendo-se precisamente fazendo alavanca na inesgotável sede de ler a vaidade e a obscenidade que há nas pessoas do mundo, ou melhor explorando o chamado 'direito à informação' do cidadão.

Infelizmente, um discurso semelhante se tem que fazer também no que diz respeito à venda das Bíblias no meio da igreja de Deus.

Para vos fazer compreender como é muito fácil enriquecer explorando o grande desejo dos crentes de ler a Palavra de Deus e de possuir uma cópia das sagradas Escrituras, digo-vos o que sucedeu num país onde até há alguns anos atrás era proibida a divulgação da Escritura.

Neste país muitos crentes estavam desprovidos de uma Bíblia, e para possuir uma Bíblia estavam dispostos a fazer qualquer sacrifício, nós sabemos que estavam dispostos a comprá-la mesmo a um preço altíssimo, mesmo ao preço correspondente a diversos ordenados mensais somados entre si. O que aconteceu?

Aconteceu isto, a saber: as Bíblias, entravam na nação onde os crentes eram perseguidos, por meio de crentes tementes a Deus os quais entregavam gratuitamente as Bíblias aos pastores das igrejas, alguns dos quais, em vez de dá-las gratuitamente aos fiéis famintos da Palavra de Deus (como deveriam ter feito), as venderam, ganhando por cima.

Aos crentes sinceros e humildes naturalmente não importava quanto custasse uma Bíblia porque eles amavam tanto a Palavra de Deus que estavam dispostos também a despender muitos salários mensais por uma só cópia; mas o fato é que a estes lobos não importava nada e se enriqueceram explorando a fome espiritual dos verdadeiros crentes.

Mas eu vos pergunto: É esta a maneira para fazer os crentes ter uma Bíblia?

Nesta nação, mesmo se a tradução a publicação e a divulgação das Escrituras não são proibidas; e mesmo se não há a perseguição que há em alguns países; o mecanismo perverso que se instaurou entre o povo de Deus por obra de gente sem escrúpulos é muito semelhante ao descrito aqui acima.

Porque os lobos devoradores aproveitam-se da fome e da sede que muitos crentes sinceros têm da Palavra de Deus para enriquecerem por meio dela. Nesta nação estes lobos da noite extorquem dinheiro aos crentes de maneira 'legal' porque eles foram autorizados pela lei a desenvolver este comércio de Bíblias.

Também eles vão aos 'grossistas' para se fornecerem de muitas Bíblias e as compram a um baixo preço porque têm descontos sobre as grandes quantidades, e depois as vão vender a miúdo a um preço superior para ganharem.

Não é isto comercializar a Palavra de Deus? É porventura também a Palavra de Deus um 'produto comercial'? E depois se gloriam de também contribuir para a difusão da Palavra de Deus!

Certo, por um lado contribuem para divulgar a Palavra de Deus porque Deus converte a sua cobiça em bem, mas por outro está fora de dúvida que contribuem para fazer difamar o caminho da verdade tendo uma tal conduta.

E depois que dizer das justificações dadas para a venda dos Escritos sagrados? Pretextos, apenas pretextos que são dados para procurar calar aqueles que se levantam contra este negócio.

Os vendilhões dizem: 'Mas nós não fazemos pagar a Palavra de Deus mas apenas o papel e o trabalho que está por detrás!', testemunhando assim com a sua boca contra eles mesmos porque demonstram que para eles publicar e distribuir os Escritos sagrados é um trabalho como muitos outros, feito exclusivamente para ganharem e não por amor do Senhor e dos eleitos.

Perguntai a estes porque é que não distribuem de graça as Bíblias e vos dirão que a razão é porque não lhes convém do ponto de vista econômico. Estão prontos a dizer-te: 'E quem nos obriga a fazer? Porque segundo eles não há nada a ganhar em dinheiro.

Eles não pensam minimamente em não pôr à venda as Bíblias porque o seu mote é: Vender para ganhar dinheiro, e não: Divulgar a Palavra de Deus para ganhar almas e edificar a Igreja. Estão antes dispostos a renunciar a ter uma boa consciência que a renunciar a pôr à venda as Bíblias!

Naturalmente por causa de tudo isso surgiu as concorrências comerciais também entre os comerciantes de Bíblias porque cada um procura vender o maior número de cópias possíveis para ganhar mais e para adquirir uma melhor reputação e um maior renome.

A batalha entre eles se desenvolve fazendo uso de qualquer meio; têm também eles de conquistar o mercado e alcançar sempre mais pessoas e por isso se introduzem por todo o lado com os seus folhetos, com as suas novas propostas, com os seus preços especiais, com os seus descontos.

Também os descontos são uma arma eficaz para vender muito e os comerciantes das Bíblias isso o sabem bem; com os descontos ganham os grossistas e ganham os pequenos comerciantes.
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Estes vendilhões logo que sabem de algum congresso ou de alguma reunião onde está prevista uma larga participação de pessoas se põem em movimento para poderem reservar o seu lugar. Mas para fazer isso é necessário pagar aos outros vendilhões, isto é, aos organizadores do congresso, mas não há nenhum problema por isto porque fazendo as contas chegam à conclusão que lhes convém; e assim pagam aos organizadores para poderem se pôr a vender a sua mercadoria com as suas bancas de mercado onde se realiza a reunião.

Estes congressos são como as feiras, nem mais nem menos, mas a estes não importa nada porque o ganho está assegurado. No fim do congresso os vendilhões trocam apertos de mão e beijos e brindam pelo seu sucesso; estão todos contentes porque fizeram bons negócios e se despedem até ao próximo congresso com a esperança que o encaixe será ainda maior.

Mas cuidai que nunca lhes ouvireis dizer que fizeram bons negócios ou que fizeram novos clientes para estes congressos; de modo nenhum, porque eles chamam tudo isso evangelização. Isto é o que está por detrás da venda das Bíblias e dos livros cristãos nesta nação.

Paulo dizia: "Tudo suporto por amor dos eleitos" (2 Tim. 2:10) e ainda: "Suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo" (1 Cor. 9:12) porque ele tinha caridade não fingida, a caridade que "tudo suporta" (1 Cor. 13:7) que não busca o seu próprio interesse mas compraz a todos em tudo buscando o proveito de muitos para que sejam salvos, enquanto os que têm um falso amor não estão dispostos a falar do Senhor e a fazer alguma coisa de útil à irmandade sem estabelecer tarifas e pedir compensações em dinheiro.

Eles não conseguem repor a sua confiança no Senhor para que seja ele a prover-lhes tudo aquilo de que necessitam para viver junto às suas famílias, porque confiam nos seus caminhos e não nos do Senhor. Mas eu quereria perguntar a estes: 'Conheceis porventura algum obreiro do Senhor que tenha trabalhado na obra do Senhor sem fazer pagar as suas prestações como fazeis vós que morreu de fome ou a quem vieram a faltar as coisas necessárias para ele e sua família?'

Como Davi quando escreveu o trigésimo sétimo salmo, também eu posso dizer que "nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão" (Sal. 37:25); também eu posso dizer de ter constatado que "àqueles que buscam ao Senhor, bem algum lhes faltará" (Sal. 34:10) e que "nada falta aos que o temem" (Sal. 34:9).

Nós todos somos obrigados a comprar as Bíblias; digo somos obrigados porque esta é a verdade; nos obrigam, seja no caso de ser para uso pessoal seja para a darmos a outros. As Bíblias não são oferecidas livremente e por isso os que as adquirem não estão aptos pelos vendedores a dar uma livre oferta segundo o que deliberaram no seu coração mas são forçados a pagar o preço fixado em relação às leis de mercado.

E ainda uma vez devemos dizer que tudo isto acontece por culpa do comércio em torno das coisas de Deus; tudo isso se poderia muito bem evitar; bastaria que estes oferecessem as coisas de graça com a plena confiança que o Senhor não só cobrirá as despesas de produção a fazer face mas também proverá a todas as suas próprias necessidades. Certo há um custo a pagar, mas quem está disposto a pagá-lo?

Seja como for um crente temente a Deus apesar de ser obrigado a comprar Bíblias para dá-las a outros, quando as distribuir, seja a crentes como a não crentes, não as venderá e não lhes pedirá dinheiro, por motivo de consciência, não porque o castigo de Deus o assombra, mas por amor.

4 - De graça recebestes, de graça dai.

Aquele que ensina a Palavra não deve fazê-lo por dinheiro. Jesus, quando enviou os apóstolos a pregar o Evangelho, depois de lhes ter dito: "Pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios" (Mat. 10:7,8), disse-lhes também: "De graça recebestes, de graça dai" (Mat. 10:8).

Mas o que tinham recebido de graça os apóstolos do Senhor? Eles tinham recebido a Palavra de Deus (conforme disse Jesus: "Lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam" (João 17:8), e também: "Eu lhes dei a tua palavra" [João 17:14]), e também o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a enfermidade e todo o mal conforme está escrito: "E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal" [Mat. 10:1]); e como eles deviam dar de graça a Palavra de Deus ouvida e recebida de graça de Cristo assim deviam pôr de graça ao serviço dos homens o poder de expulsar os demônios e o de curar as doenças recebido igualmente de graça, em outras palavras eles não deviam pedir compensações.

Vede, se nós aceitarmos que alguém que ensina a Palavra ponha à venda os seus ensinamentos escritos, então devemos aceitar também que ele ponha à venda os seus ensinamentos dados por voz; mas não só isto, devemos também aceitar o fato de quem recebeu dons de curar ponha à venda as curas que faz, ou a imposição das suas mãos ou as suas orações pelos enfermos.

Porque é que digo isto? Porque os dons de curar são dons que se recebem do mesmo Deus pelo qual se recebe também o dom de ensinamento. Portanto se é justo que se peçam compensações para ensinar, por conseqüência se podem pedir compensações também para impor as mãos sobre os enfermos e pelas orações sobre os enfermos! 

Ninguém vos engane; porque qualquer que seja o dom que se recebe de Deus ele deve ser posto ao serviço dos outros e não dos próprios interesses. Pedro o apóstolo disse: "Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1 Ped. 4:10); certamente, se nós tivéssemos recebido algum dom do Senhor em troca de dinheiro então sim teríamos o direito de fazer com que nos pagassem as nossas prestações, mas então não se poderia sequer chamar dom àquilo recebido do Senhor, mas sim uma nossa boa aquisição feita a Deus.

Sim é verdade que os dons recebidos do Senhor são bens adquiridos de Deus...mas sem dinheiro; porque não estão à venda, mas prontos a ser distribuídos de graça aos que os desejam para a edificação da igreja.

Quando Jesus disse ao anjo da igreja de Laodicéia: "Aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas" (Ap. 3:18) é verdade que lhe disse para comprar dele aquelas coisas, mas recordai-vos que a aquisição a devia fazer sem dinheiro.

Quando Simão, viu que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, "ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos, receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: Vá a tua prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus. Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.

Arrepende-te, pois, dessa tua maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que estás em fel de amargura, e em laços de iniqüidade" (Atos 8:18-23). Deste episódio transcrito tiramos os seguintes ensinamentos:

Dons de Deus não se pode adquirir com dinheiro; quem cuida poder fazê-lo não tem um coração reto diante de Deus e deve arrepender-se deste mau pensamento; os servos de Deus devem repreender os que lhes oferecem dinheiro para comprar as suas prestações.

Como podeis ver há diversas Escrituras que testificam que os dons se recebem de graça, e portanto devem ser postos ao serviço de graça, assim os que fazem pagar as suas prestações (não importa se um ensinamento escrito, por voz, ou uma oração por um doente) cuidam que a piedade seja uma fonte de ganho.

Se eu te visse numa necessidade espiritual e te dissesse que te poderei ajudar (porque supostamente recebi do Senhor a graça de te poder ajudar) em troca de dinheiro, eu cuidarei que a piedade seja fonte de ganho.

Mas de pessoas do mundo que estão dispostas a ter piedade do próximo em troca de dinheiro delas há em abundância no mundo! Mas nós como filhos de Deus devemos exercitar-nos na piedade para com os outros, com contentamento das coisas que temos, isso significa que não devemos nos aproveitar da necessidade espiritual ou material na qual se vem a encontrar uma pessoa, ajudando-a em troca de dinheiro ou de favores; e tudo isso para ter diante de Deus e diante dos homens uma boa consciência e para que a doutrina de Deus não seja blasfemada por nossa culpa.

Devemos reconhecer porém que na igreja há os que se rebelam à palavra de Deus e decidem agir seguindo os desejos da carne, ou seja, decidem exercitar a piedade por amor à torpe ganância; estes são "corruptos de entendimento, e privados da verdade" (1 Tim. 6:5); são bem conhecidos nas igrejas porque tornaram-se famosos e poderosos, mas infelizmente são bem conhecidos também pelas pessoas do mundo que por causa da sua cobiça blasfemam o caminho da verdade.

Certo, estes que cuidam que a piedade seja fonte de ganho ajudam-te, mas em troca de dinheiro; enquanto lhes for cômodo, isto é, enquanto lhes deres o teu dinheiro se mostrarão dispostos a ajudar-te.

Mas se alguma vez aconteça que tu não lhes convenhas mais, então te descarregam na primeira ocasião. Os que cuidam que a piedade seja fonte de ganho se manifestam mais cedo ou mais tarde, porque são pessoas que não estão dispostas a fazer renúncias.

Quem faz as coisas por dinheiro, quando vê que, em fazer um serviço ele diz que o faz pelo Senhor, não há nenhum ganho de dinheiro, antes há que 'repor' dinheiro, estai certos que não estará de modo nenhum disposto a prosseguir a fazer aquela coisa.

Quem pelo contrário não faz as coisas por dinheiro, serve o Senhor com zelo e com alegria tanto na abundância como na penúria, porque ele faz as coisas por amor do Senhor e por amor dos santos, e não por amor do dinheiro. Não estabelece tarifas e não pede compensações porque tem plena confiança no Senhor que ele serve, considerando-o poderoso para suprir a todas as suas necessidades; ele crê que não há de modo nenhum necessidade de proclamar aos quatro ventos todas as suas necessidades porque experimentou a fidelidade de Deus inúmeras vezes.

Ele se põe de joelhos no seu quarto ou num lugar separado e pede a Deus as coisas de que ele necessita e espera com paciência e com fé a satisfação da sua oração. Ele continua a mostrar-se piedoso para com o seu próximo e a estar contente do seu estado em qualquer circunstância; pode sofrer, é verdade, mas prefere ter uma boa consciência e um bom nome no seio da igreja de Deus e no meio deste mundo, ao invés de fazendo recurso à astúcia ter uma consciência suja e um mau nome tanto na Igreja como no mundo.

Diante de todo o obreiro do Senhor há portanto dois caminhos: o da renúncia, e o da desonestidade; o melhor é o primeiro, porque é sobre este caminho que se goza abundância de paz e de gozo e que se vêem as poderosas libertações de Deus; é andando sobre este caminho que se pode dizer: "Sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte" (2 Cor. 12:10).

Mas sobre o segundo, não há mais que infelicidade, espinhos e laços, ais e dores, e vitupério. Depois de ter lido tudo isso, escolherás ser honesto ou continuar a ser vendilhão? 

A dar de graça o que recebeste de graça de Deus, ou a continuar a pô-lo à venda e a ganhar por cima? Eu não sei qual decisão tomarás, mas te quero recordar que a sabedoria diz: "Se fores sábio, para ti serás sábio; e, se fores escarnecedor, só tu o suportarás" (Prov. 9:12).

5 - A vós que fazeis comércio das coisas de Deus.

Me dirijo a vós que achaste uma fonte de ganho comercializar a Palavra de Deus, os ensinamentos doutrinais, os testemunhos dos irmãos e outras coisas que tratam ainda de assuntos escriturais.

Vós percebestes que vos podíeis tornar ricos fazendo também este tipo de comércio, e vos pusestes a fazê-lo. Não demorastes a pôr à venda nem sequer as coisas santas por amor de lucro; sim, porque o que vos levou a pôr à venda os Escritos sagrados, os vossos escritos ou os escritos dos outros não foi mais que o amor pelo dinheiro.

Tornaste-vos idólatras, porque levantastes no vosso coração o ídolo do dinheiro, pondo diante de vós o tropeço que vos faz cair na vossa iniqüidade. Enganais os irmãos simples e inconstantes nos seus caminhos fazendo-lhes crer que o que fazeis o fazeis para a edificação da igreja.

As Escrituras, os testemunhos edificantes e os sãos ensinamentos contribuem sem sombra de dúvida à edificação dos crentes; mas nós não nos opomos à verdade, "porque nada podemos contra a verdade" (2 Cor. 13:8) mas nos opomos ao vosso modo de agir que não é conforme a justiça.

Com a desonestidade do vosso comércio profanastes o santuário de Deus; com o vosso comércio vos tornastes ricos e altivos; vos tornastes famosos e poderosos, mas não para agir com fidelidade, de fato as vossas casas estão cheias de engano.

Espreitais por todos os cantos procurando alguma alma a quem poder arrancar a pele e comer a carne. Sois impiedosos; o sei, por fora pareceis pessoas piedosas mas a vossa é uma falsa piedade, na verdade tendes apenas aparência de piedade porque negastes o poder dela.

Sim negastes o poder da piedade, porque para vós a piedade com contentamento das coisas que se têm é apenas uma perda e não um grande ganho como diz ao invés a Escritura. As vossas obras injustas falam claro, é inútil portanto que procureis justificar com palavras fingidas o vosso lucrativo e desonesto comércio.

Vos exorto a vos arrependerdes; sim, porque vos deveis converter dos vossos maus caminhos e voltar ao Senhor com todo o vosso coração. Deixai de pôr à venda a Palavra de Deus para que a doutrina de Deus não seja mais blasfemada por vossa causa.

Até agora, na verdade, o vosso modo de agir não fez mais que induzir muitas pessoas a blasfemar a doutrina de Deus. É hora de compreenderdes o dano que tendes perpetrado com a vossa conduta; é hora de dardes ouvidos à Palavra de Deus e começardes a dar de graça a graça de Deus.

Não persistais nesta coisa má porque buscareis o mal para vós mesmos.
O Juiz está à porta, e vos retribuirá segundo as vossas obras, como mereceis...

Original Italiano: Lanuovavia - Una banda di affaristi si è insinuata fra noi  
Edição: E.Mucheroni - 08/11/2004  



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